O primeiro cabo telegráfico transatlântico bem-sucedido foi instalado em 1858, e o fator crucial que tornou isso possível foi o uso da guta-percha. A guta-percha é um material natural semelhante à borracha obtido da seiva da árvore Palaquium gutta. Verificou-se que a guta-percha tinha excelentes propriedades isolantes e também era altamente flexível, tornando-a adequada para uso em cabos telegráficos submarinos.
Na década de 1840, experimentos já haviam demonstrado o potencial do uso de cabos isolados para transmitir sinais elétricos a longas distâncias. No entanto, os cabos subaquáticos iniciais que foram colocados através do Canal da Mancha na década de 1850 falharam devido ao mau isolamento. A descoberta ocorreu em 1848, quando o cientista alemão Werner Siemens desenvolveu um processo para extrair e purificar a guta-percha. Foi então usado em um teste bem-sucedido de um cabo subaquático através do Estreito de Dover.
O primeiro projeto de cabo telegráfico transatlântico foi liderado pelo engenheiro britânico John Watkins Brett e pelo engenheiro americano Cyrus West Field. Eles planejavam instalar um cabo telegráfico através de todo o Oceano Atlântico, conectando a Europa e a América do Norte. O projeto enfrentou inúmeros desafios, incluindo a necessidade de um cabo forte e confiável que pudesse resistir ao rigoroso ambiente marinho.
Em 1857, a primeira tentativa de instalar o cabo telegráfico transatlântico falhou depois de cerca de 380 milhas do cabo terem sido implantadas. No entanto, esta falha forneceu informações valiosas e foi determinado que o isolamento de guta-percha não foi aplicado uniformemente, causando pontos fracos no cabo.
Em 1858, foi fabricado um novo cabo, incorporando isolamento de guta-percha mais espesso e consistente. A segunda tentativa foi bem-sucedida e a primeira mensagem telegráfica transatlântica foi transmitida em 16 de agosto de 1858. Isto marcou um marco significativo na comunicação global, pois agora se tornou possível enviar mensagens entre a Europa e a América do Norte em questão de minutos, em vez de semanas. ou meses.
Infelizmente, o primeiro cabo telegráfico transatlântico só funcionou durante algumas semanas antes de falhar. Isto provavelmente se deveu a uma combinação de fatores, incluindo correntes elétricas excessivas, falhas no projeto do cabo e condições adversas no fundo do oceano. No entanto, o uso bem sucedido da guta-percha como isolante revelou-se crucial, e os cabos telegráficos transatlânticos subsequentes foram capazes de operar por períodos muito mais longos.
A guta-percha permaneceu um material vital em cabos telegráficos submarinos até o final do século 19, quando materiais sintéticos melhorados, como polietileno e PVC, a substituíram. Esses novos materiais proporcionaram melhores propriedades elétricas e durabilidade, levando ao desenvolvimento de cabos submarinos mais confiáveis e duradouros que formaram a espinha dorsal das telecomunicações globais.