O telefonema
Um trinado repentino, afiado como uma faca,
corta meus pensamentos, assusta o gato,
que salta como se tivesse sido eletrocutado.
Em um momento a sala se torna
insuportavelmente quieto, como se fosse som
foi sugado do ar, e eu sento lá,
paralisado, olhando para o telefone, desejando
para ficar quieto. Mas justamente quando eu relaxo
e expire, um segundo trinado rompe o silêncio.
Relutantemente eu me levanto, vou até a mesa
e levante o receptor.
'Sim?'
'Oh, olá', diz uma voz hesitante, incerta.
'É Jean.'
'Sim', eu digo, 'eu sei. O que é?'
'Escute', diz ela, ainda incerta, 'eu sei que é
uma hora terrível da noite para telefonar, e
Eu odeio incomodar você...'
'Está tudo bem', digo a ela, me perguntando o que
na terra está errado. 'Estou acordado de qualquer maneira. O que é
isto?'
Então, numa torrente de palavras que caem sobre cada um
outro, ela me disse que seu marido, Paul,
acabei de ser levado às pressas para o hospital.
Meu coração afunda e meu estômago se contrai, enquanto
se alguém me bateu no plexo solar.
'Oh, Jean, sinto muito', digo, e por um momento,
Estou tão atordoado que não consigo encontrar mais nada a dizer.
“Ele estava bem esta noite”, diz ela, lutando
para manter a voz firme. 'Jantamos e
ele parecia perfeitamente normal, então, de repente,
ele desmaiou. Ele estava inconsciente quando a ambulância
chegado.'
'Mas o que aconteceu?' Eu pergunto. 'O que eles disseram?'
“Eles ainda não sabem”, diz ela. 'Eles estão fazendo testes.
Foi por isso que telefonei.
“Entendo”, digo, tentando absorver o choque da notícia.
— Bem, estou feliz que você tenha telefonado.
“Achei que você gostaria de saber”, diz ela.
“Claro que sim”, digo a ela. 'E espero que tudo esteja
vai ficar bem.
'Não sei', diz ela, 'estou com tanto medo.'
'Não se preocupe', eu digo, 'tenho certeza que será.'
Mas quando desligo o telefone, não consigo deixar de sentir
uma sensação de pressentimento.